Saúde saúde
Após duas epidemias, morte reacende alerta para febre amarela em Minas
Ainda sob epidemia de dengue e após sofrer pior quadro da febre amarela entre 2016 e 2018, Minas se mobiliza diante de óbito confirmado, para evitar outro surto
30/04/2024 07h46
Por: Carlos ball Fonte: em

A morte de um homem por febre amarela na região de divisa entre os estados de Minas Gerais e São Paulo reacendeu o alerta entre autoridades de Saúde para o risco da doença. A vítima tinha 50 anos, vivia em Águas de Lindoia (SP), não tinha registro de vacina contra a doença e apresentou dois exames positivos para o vírus. O local provável de infecção segue em investigação, uma vez que o homem visitou área de mata no município mineiro de Monte Sião, no Sul do estado, em torno de 15 dias antes do início dos sintomas.

Diante do caso fatal da doença – que provocou epidemias em Minas com 340 mortes entre 2016 e 2018 –, o Ministério da Saúde emitiu, ainda no domingo, alerta para intensificação das ações de vigilância sanitária e imunização nas áreas com transmissão ativa do vírus. Além desse caso fatal, três diagnósticos foram confirmados no Brasil nos últimos seis meses, de acordo com a pasta, dois deles com óbitos. A mobilização sanitária tem objetivo de agilizar a comunicação de casos suspeitos para evitar novos surtos, especialmente considerando que a doença tem alto índice de letalidade.Ainda em meio aos reflexos da pior epidemia de dengue da história, o alerta traz a lembrança dos anos críticos enfrentados em Minas Gerais diante da febre amarela. Na temporada 2016/2017, foram confirmados no estado 475 casos do tipo silvestre da doença. Do total, 162 pacientes não resistiram – uma letalidade de 34,1%. O quadro já era considerado o mais grave desde 1980, mas a situação foi ainda pior no período seguinte. Entre julho de 2017 e junho de 2018, foram 527 casos confirmados, com 178 mortes. A taxa de letalidade teve leve recuo em relação ao período anterior, mas seguiu alta, em 33,5%.

Procurada pelo Estado de Minas, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou em nota que, desde a notificação da morte mais recente, em 12 de abril, está investigando o caso. Foram feitas reuniões para tratar do assunto com autoridades sanitárias do ministério e de São Paulo, segundo a pasta, e disponibilizadas orientações a profissionais de saúde e gestores sobre a situação, por meio de documentos técnicos e reuniões do Comitê de Monitoramento de Emergências.

Ainda segundo a Saúde estadual, ontem foi promovido webinário para discutir a questão das arboviroses no estado, o que inclui a febre amarela, com participação da Associação Mineira de Municípios e do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems). Foram intensificadas ainda na região afetada de Monte Sião, principalmente nas localidades rurais, ações de vigilância epidemiológica, de controle de insetos transmissores e de vacinação, para ampliar a cobertura contra a febre amarela em pessoas ainda não imunizadas.