Geral pedagio 040
Preços cheios e leilões vazios: 040 repete história de pedágios em Minas
Falta de concorrência nas disputas pelas estradas abre caminho para cobrança de pedágios com valores altos
15/05/2024 07h58
Por: Carlos ball Fonte: em

Está prevista para acontecer até julho a assinatura do contrato que oficializa a concessão da BR-040 entre Belo Horizonte e Juiz de Fora para a EPR, que venceu o leilão pela administração da estrada em 11 de abril. A nova concessionária ofereceu a melhor taxa de desconto para a tarifa fixada de pedágio e deve operar na rodovia com o preço girando em torno de R$ 12,35. O valor está próximo do cobrado nas praças dos três lotes dos quais a empresa é responsável em solo mineiro, localizados no Triângulo e no Sul do estado.

Uma semana após o leilão, a reportagem percorreu centenas de quilômetros das estradas geridas pela companhia e ouviu usuários insatisfeitos com os valores. O Estado de Minas investigou como é feita a definição das cifras e o impacto da dinâmica dos leilões para determinar quanto o motorista deve pagar para circular nas vias privatizadas.

Nas oito rodovias que integram o lote Sul de Minas, todas as oito praças de pedágio devem estar operando até o mês que vem, processo que foi iniciado em outubro do ano passado. Em todas elas, a tarifa básica cobrada para carros de passeio é de R$ 9,20. No lote Vias do Café, ainda este ano devem começar a funcionar seis praças com valor principal na casa dos R$ 13,18. Já no Triângulo Mineiro, há oito pontos de cobrança com preço de R$ 12,70.

No Sul de Minas, a qualidade das estradas já apresenta melhoras sensíveis nos primeiros meses de administração da EPR, segundo relatos da população e como a própria reportagem pôde constatar. Ainda assim, mesmo quem consegue enxergar pontos positivos não está satisfeito com os valores praticados nos trechos. É o exemplo do empresário Oscar Moreira, que relembra momentos de tráfego comprometido nas estradas da região em um passado recente.

“A estrada estava ruim demais. Algum caminho tinha que ser tomado. Todas tinham problemas, mas essa aqui (MG-290) era uma das piores. De 2022 para 2023 teve muita chuva e a estrada ficou toda esburacada. Só aqui nesse ponto paravam 20, 30 carros todos os dias com o pneu estourado. Então precisava ser feito um encaminhamento na rodovia para poder melhorar. A privatização é um caminho. Melhorou, está dando para rodar melhor, mas o contrato tem algumas coisas que poderiam ser melhores, como o preço, vislumbrar as terceiras faixas e acostamentos mais longos. O preço de R$ 9,20 fica puxado”, disse ao EM no posto do qual é proprietário em Borda da Mata, a 50 metros de uma praça de pedágio.

A EPR venceu os leilões de concessão de estradas no Sul de Minas que tinham como um dos critérios para definir o lance ganhador a oferta da menor tarifa cobrada aos motoristas. O preço inicial dos pedágios é previsto em contrato e as empresas podem oferecer taxas de desconto a partir desta cifra. A empresa destaca que os lotes concedidos pelo governo estadual e administrados por ela tiveram os valores definidos a partir de estudos conduzidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O professor José Elievam Bessa Júnior, do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia da Escola de Engenharia da UFMG, comenta alguns dos critérios utilizados para definir os preços dos pedágios. Segundo ele, a multiplicidade de fatores pode justificar cobranças de mesmo valor para estradas com diferentes níveis de exigência de intervenções estruturais e características de fluxo de veículos, por exemplo.