A mineradora australiana Pilbara Minerals, uma das maiores produtoras de lítio do mundo, comprou o projeto da Latin Resources para extrair lítio no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde estão os projetos ligados ao mineral no Brasil. O negócio gira em torno de US$ 350 milhões (R$ 1,95 bilhão).
Na prática, a Latin Resources também foi criada na Austrália, mas tem projetos de lítio e cobre concentrados na Argentina, Peru e Brasil. A empresa é conhecida no mercado como junior miner, categoria de mineradora especializada na criação e comercialização de projetos minerários -sem a exploração de fato.
O projeto da Latin Resources é focado na cidade de Salinas e, segundo a empresa, abriga a maior jazida de lítio da América Latina. O plano de extração ainda está em fase inicial e precisa de licenciamento ambiental do governo de Minas Gerais, além de novas análises de investimento da Pilbara Minerals.
A expectativa da empresa, porém, é que o licenciamento prévio e de instalação saia até o final deste ano e, a partir de abril de 2026, a Pilbara consiga produzir até 250 mil toneladas de espodumênio concentrado, a rocha que contém o lítio. O projeto inicial prevê também a duplicação da produção em 2029 -os valores e datas podem mudar ao longo das projeções de investimentos da Pilbara.
Em comparação, a Sigma Lithium, maior mineradora de lítio do país, produz no Vale do Jequitinhonha 250 mil toneladas de espodumênio concentrado e pretende ampliar esse valor para 520 mil já no ano que vem. As jazidas da Sigma, porém, estão concentradas em mais de um projeto, o que faz do plano da Latin Resources o maior já divulgado no país -com 70 milhões de espodumênio em um único depósito.
"Essa projeção é a maior da América Latina, se não a do mundo, estamos muito ansiosos a começar a produzir e ajudar o Brasil a ser um dos maiores centros produtores de lítio no mundo", disse Dale Henderson, CEO da Pilbara a jornalistas nesta quarta-feira (11), na Exposibram, feira em Belo Horizonte organizada pelo Ibram (Instituto Brasileiro da Mineração). Na terça (10), ele esteve em Brasília, conversando com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Henderson disse que a mineradora analisou mais de cem projetos de lítio em todos os continentes para ampliar suas operações para fora da Austrália, mas que a qualidade do lítio depositado em Minas Gerais e a velocidade que a Sigma teve em operar seu projeto no estado foram pontos que fizeram com que a Pilbara escolhesse o Brasil.