O CEO da Pogust Goodhead, escritório que representa as vítimas pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, Tom Goodhead, disse nesta quinta-feira (13), após o fim do julgamento contra a mineradora australiana BHP, que os responsáveis pela tragédia ‘merecem a cadeia’. As partes agora aguardam a sentença, que pode levar meses para ser anunciada. A ação envolve cerca de 620 mil vítimas.
A defesa expressou otimismo com uma possível condenação da empresa. Tom Goodhead criticou a postura da BHP, dizendo ser ‘o pior comportamento corporativo já visto’ e acusou a mineradora de tentar atrasar o processo para pagar menos às vítimas.
“Ouvimos nos últimos meses de julgamento em Londres provas e evidências da responsabilidade da BHP em relação ao rompimento da barragem. Começamos o julgamento com a BHP falando que não tinha nada a ver, que a Samaro era independente e que a BHP não era responsável pelas operações. Ofereceram migalhas como compensação. Esses argumentos são falácias. Acho que o mundo precisa entender o que esta empresa fez. A BHP forçou centenas de milhares de vítimas a viajarem ao redor do mundo para brigar por justiça. É o pior comportamento corporativo já visto de uma empresa no mundo”.
O rompimento da barragem de Fundão, ocorrido em 5 de novembro de 2015, matou 19 pessoas, devastou comunidades inteiras e despejou 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos no rio Doce, atingindo o oceano Atlântico. A barragem era operada pela Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP.
A ação em Londres foi movida por cerca de 620 mil atingidos, que reivindicam indenizações na casa dos 36 bilhões de libras (R$ 266 bilhões). O julgamento britânico começou em 21 de outubro de 2024 e se encerrou nesta quinta-feira (13). No entanto, a decisão final pode levar meses para ser anunciada. Se condenada, a BHP poderá recorrer, o que pode prolongar o processo até 2028.
“A estratégia da BHP sempre foi a de usar a ameaça de atraso, da espera, da demora, com o objetivo de pagar menos. Eles brincam, usam o estresse, a fome, o cansaço e o desespero das vítimas para evitar de pagar uma compensação integral. Eles nem tentam esconder isso. Optam pela tática do atraso para se esquivar da justiça”, disse Tom.
O advogado também atacou os valores oferecidos nos acordos firmados no Brasil, comparando-os com as indenizações buscadas no Reino Unido. “No Brasil, quando fizeram a Renova, estavam oferecendo uma indenização de mil reais para os atingidos, logo depois do desastre. Essa mesma fundação tinha um padre fake como um dos peritos. É um completo desastre”, disse.