O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, reafirmou nesta segunda-feira (19) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentou aos chefes das Forças Armadas um documento que previa a decretação de um estado de sítio no país após as eleições de 2022.
Ele foi ouvido como testemunha pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo sobre a suposta tentativa de golpe de Estado .
Freire Gomes disse ter se posicionado contrário a uma ruptura democrática e afirmou ter alertado ao então presidente Bolsonaro, em uma reunião no Palácio da Alvorada, em dezembro de 2022, que uma decisão neste sentido não seria apoiada pelo Exército.
Segundo o militar, apenas o então comandante da Marinha, Almir Garnier, se colocou “à disposição” do chefe do Executivo. “A intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe”, pontuou.
Ainda de acordo com Freire Gomes, o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, tentou apresentar novamente o documento em uma reunião com os comandantes militares, em 14 de dezembro, na sede da pasta.
Entretanto, ao ser questionado pelo chefe da Aeronáutica, brigadeiro Carlos Baptista Júnior, se a minuta previa alguma medida para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Nogueira ficou calado e a reunião foi interrompida.
O general afirmou também que Bolsonaro sofria “pressões” para que tomasse alguma atitude após as eleições e declarou que, após negar a adesão do Exército, ele e sua família passaram a sofrer ataques virtuais.
Ao todo, são 81 testemunhas indicadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e pelas defesas dos oito réus apontados como participantes do “Núcleo Crucial” da suposta organização criminosa, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Elas devem ser ouvidas entre 19 de maio e 2 de junho.
Bolsonaro é réu, ao lado de 33 pessoas, por tentativa de golpe, abolição do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. A denúncia sustenta que civis e militares agiram de forma coordenada para reverter o resultado eleitoral em 2022.