O primeiro dia de julgamento do chamado “núcleo crucial” repercutiu entre os deputados estaduais na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). No plenário desta terça-feira (2), parlamentares discursaram contra e a favor da ação penal movida no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus, pela suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota nas urnas em 2022.
O deputado Eduardo Azevedo (PL) comparou o ex-presidente a Tiradentes e Jesus Cristo, afirmando que “todos aqueles que se levantaram contra o sistema para fazer a diferença” foram “cruelmente perseguidos”.
Durante a sessão, o parlamentar — que é da mesma legenda de Bolsonaro — afirmou estar descrente na absolvição do ex-presidente e de seus aliados, alegando que a ação no Supremo teria caráter político. “Quando não conseguem ofuscar o brilho do ex-presidente e fazer com que ele esteja inapto a disputar as eleições, fazem de tudo para desgastar sua imagem e transformá-lo em um criminoso”, disse.
Bolsonaro está inelegível até 2030 por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proferida em 2023. Mesmo que seja absolvido pelo Supremo, o ex-presidente não poderá disputar a próxima eleição, pois a condenação da Justiça Eleitoral é de caráter civil-eleitoral, decorrente de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante seu mandato à frente da Presidência da República.
Já o deputado Bruno Engler (PL), também aliado de Bolsonaro, classificou o julgamento do ex-presidente como um “circo” e uma “farsa”. O parlamentar ainda utilizou seu tempo de fala para criticar o relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, a quem chamou de “agente político vestindo toga”. Como relator, Moraes foi o primeiro a discursar durante o julgamento, conforme o rito processual.
O deputado Caporezzo (PL) também discursou contra o ministro, comparando novamente o ex-presidente ao mineiro Tiradentes. No plenário, ele afirmou, sem citar diretamente o nome de Moraes, que o que passou a valer no país é “a vontade de um homem que está se afogando no próprio poder”.