Terra natal do governador Romeu Zema (Novo), Araxá, no Alto Paranaíba, caminha para ter uma eleição marcada pela disputa entre dois antigos aliados. É o que mostra a terceira reportagem da série sobre o cenário eleitoral nos principais municípios de Minas. O atual prefeito, Robson Magela (Cidadania), tentará a recondução disputando contra seu próprio vice, Mauro Chaves (PSD), que, embora não tenha saído do cargo, rompeu com a administração logo no primeiro ano de mandato. Enquanto isso, a Federação formada por PT, PV e PCdoB corre por fora. Ela já lançou seu nome na pré-campanha e agora tenta alinhar questões ideológicas com a necessidade de não contrariar os eleitores locais, que deram mais de 80% dos votos ao governador nas duas últimas eleições.
Robson Magela foi eleito em 2020 com 52,79% dos votos válidos e larga margem sobre a segunda colocada na corrida, Lídia Jordão (Patriota), que foi escolhida por 28,38% dos eleitores que foram às urnas. Com uma gestão marcada por atritos dentro da própria equipe e alvo de uma comissão processante na Câmara Municipal local, o prefeito está confiante na recondução ao cargo.
“Apesar de todas as dificuldades, foram inúmeras realizações consolidadas, muitos projetos importantes concretizados para as áreas de educação, saúde, infraestrutura, ação social, segurança pública, economia, turismo e eventos e demais áreas, além da valorização do servidor público. Com isso, vejo com muita naturalidade essa busca pela reeleição, com um grupo que continue somando para a continuidade desses feitos, com a idealização de novos projetos, e que a população de Araxá continue sendo a principal beneficiada disso tudo”, afirmou.
O vice Mauro Chaves também está confiante que poderá sair vencedor das urnas e para tanto espera fazer muitas alianças partidárias, incluindo o Novo, mesmo que não garanta uma entrada definitiva de Zema na disputa. O governador teve mais de 95% dos votos da cidade no segundo turno da eleição de 2018 e 85% no primeiro turno de 2022. “Hoje temos conversas avançadas com outras siglas e temos apoio de partidos como o Avante, PMN, PDT, Patriotas, além de cinco vereadores que declararam apoio e outros cinco com quem estamos negociando. O Novo deve estar comigo porque vão lançar uma chapa de vereadores e não transitam no atual governo. O governador vai ficar neutro, mas o partido deve estar conosco, sim”, disse o pré-candidato à reportagem.
No último pleito em Araxá, o Novo lançou uma candidatura própria, a de Emilio Neumann, que acabou com 9,1% dos votos, na terceira posição. Neste ano, a legenda de Zema não deve ter um nome nas urnas, o que coloca a disputa pelo apoio do partido como uma briga paralela. A legenda trabalha com a ideia de lançar múltiplos candidatos à Câmara Municipal. De acordo com o presidente do diretório mineiro do partido, Christopher Laguna, o planejamento atual está concentrado em eleger vereadores. “A gente deve lançar candidatos a vereador entre 10 e 20 cidades, nos principais centros, como Uberlândia, Uberaba, Araxá, Ituiutaba e Monte Carmelo. Ainda estamos avaliando onde teremos nomes para a eleição majoritária”, disse.
Filiado ao PV, Eduardo Maia é o nome mais associado à esquerda a ter se lançado como pré-candidato em Araxá. Seu partido integra uma federação com PT e PCdoB, mas ele garante que, embora abrace o campo progressista, sua eventual gestão não teria problemas em dialogar com outros espectros políticos e afirma que não enxerga a polarização política nacional impactando o pleito na cidade.
“É uma candidatura que abraça o campo da esquerda de uma forma geral, mas temos uma perspectiva de atrair possíveis aliados no centro e até mesmo centro-direita. A polarização nacional tem de ser afastada porque a relação da prefeitura com o estado e o governo federal precisa ser institucional. O que precisa ficar bem consolidado é que se trata de uma candidatura muito sóbria e consciente da realidade. Estamos apresentando uma mudança diante dos ciclos de poder que se alternam em Araxá e que vai buscar atender a população que precisa de assistência, apoiar o desenvolvimento econômico, o turismo e a mobilidade urbana e não trabalhar por uma bandeira própria da legenda”, afirmou.