Entre as rodovias com acidentes mais concentrados em Minas Gerais, a proporção de cinco ou mais desastres em menor distância percorrida – o que se traduz em maior exposição ao risco – ocorre na BR-050. Nela, a cada 6,7 quilômetros rodados o motorista encontra um ponto com histórico de acúmulo de desastres. O índice é maior do que o de vias mais longas e carregadas, como a BR-381, com média próxima, de 7,3 quilômetros a cada trecho concentrador de acidentes, ou a BR-040 (8,5 quilômetros), a BR-116 (14,1 quilômetros) e a BR-262 (31,3 quilômetros).
Um dos motivos é que a BR-050 praticamente cobre as distâncias entre os centros de adensamento populacional de Uberlândia e Uberaba, no Triângulo Mineiro. Em 210 quilômetros considerados, foram 31 pontos com mais de cinco acidentes em um mesmo quilômetro, em um total de 264 desastres, 9 pessoas mortas e 291 feridas.
Apesar de a BR-381 ter a má fama de Rodovia da Morte no trecho entre Belo Horizonte e João Monlevade, e de estar com projeto de duplicação da capital mineira até Governador Valadares, no mesmo segmento a caminho do Espírito Santo, a parte que liga Betim à divisa com São Paulo, a Rodovia Fernão Dias, tem muito mais pontos concentradores de acidentes por quilômetro, apontam as ocorrências registradas pela Polícia Rodoviária Federal.
Enquanto a Fernão Dias concentra 102 pontos onde mais do que cinco acidentes ocorreram em um só quilômetro em 2023, o trecho de BH a Governador Valadares, incluindo a Rodovia da Morte, somou 27 desses pontos, o equivalente a 26% do registrado no trecho oposto. O número de acidentes nesses locais críticos da via até Valadares foi de 186, média de sete a cada mil metros. Já o volume de acidentes da Fernão Dias foi mais de seis vezes maior, com 1.196 ocorrências.
Em relação ao número de vítimas nesses trechos perigosos das estradas, o total foi de 3 mortos e 24 feridos nos piores quilômetros da BR-381 de BH a Valadares, contra 64 óbitos e 1.647 feridos nos pontos mais críticos da Rodovia Fernão Dias. Isso pode indicar que no segmento de Betim a São Paulo esses são os pontos mais críticos, e que no sentido oposto tavez haja uma distribuição maior em relação às vítimas de desastres ao longo do trecho.
Os acidentes relatados pela PRF em BRs de Minas mostram duas situações distintas, de imprudência e falha geométrica das vias, segundo a avaliação do professor Raphael Lúcio Reis dos Santos, do Departamento de Engenharia de Transportes do Cefet-MG. “No caso de Brumadinho, a BR-381 tem uma topografia acidentada, muito íngreme e sinuosa, mas que não tem como ser ampliada. São também muitos caminhões, sobretudo das mineradoras próximas, e os acidentes fatais geralmente têm o envolvimento de veículos mais pesados”, afirma.
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