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Da decolagem à queda: entenda a cronologia do voo que caiu em Vinhedo e matou 61 pessoas

Aeronave que saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) voou por 1 hora e 35 minutos sem qualquer ocorrência, mas depois fez uma curva brusca, despencou 4 mil metros em 1 minuto e explodiu na garagem de um condomínio residencial.

10/08/2024 às 07h05
Por: Carlos ball Fonte: globo.com
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Da decolagem à queda: entenda a cronologia do voo que caiu em Vinhedo e matou 61 pessoas

avião com 57 passageiros e quatro tripulantes que caiu em Vinhedo (SP), nesta sexta-feira (9), voou por 1 hora e 35 minutos sem qualquer registro de ocorrências, até fazer uma curva brusca, despencar 4 mil metros em aproximadamente 1 minuto e sumir do radar, após explodir no terreno de uma casa em um condomínio residencial. Não houve sobreviventes.

Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.

Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu edifício em São Paulo ao tentar pousar.

  • A aeronave decolou às 11h46 e o voo seguiu tranquilo até 12h20.
  • Após 24 minutos, subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude.
  • Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
  • De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
  • Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
  • A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
  • O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o 'Salvaero' foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.

 

 

O que se sabe e o que falta saber

 

Um avião da companhia aérea VOEPASS com 61 pessoas caiu em um condomínio residencial de Vinhedo (SP), nesta sexta-feira (9), e ninguém sobreviveu. Veja, abaixo, o que se sabe e o que falta ser revelado sobre o acidente aéreo.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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'Meu Deus, um avião caiu no meu vizinho': moradores se assustam com tragédia aérea

 

Quem são as vítimas?

 

A Prefeitura de Vinhedo confirmou, por volta de 15h30, que não havia sobreviventes. O governo do Paraná lamentou a morte de pelo menos oito servidores e profissionais ligados diretamente ao estado. São docentes e médicos da Unioeste, um professor da rede estadual e um funcionário da Sanepar.

O programador de 41 anos Rafael Fernando dos Santos, de Florianópolis, e a filha dele, Liz Ibba dos Santos, de 3 anos, estavam na aeronave. Segundo familiares, Rafael tinha ido a Cascavel para buscar a menina, que passaria o dia dos pais na capital de Santa Catarina.

As médicas residentes de oncologia clínica Arianne Albuquerque Estevan Risso e Mariana Comiran Belim também faleceram.

A comissária de bordo Rubia Silva de Lima, que morava em Bonfim Paulista, também faleceu no acidente.

Passageiros do avião que caiu em Vinhedo são identificados — Foto: Reprodução/TV Globo

 

Quais as hipóteses?

 

Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.

O estol é uma situação na qual a asa perde completamente a sustentação útil, o que causa a queda brusca do avião. A depender da altitude e da condição, é possível recuperar a altitude em voo.

O estol pode acontecer, por exemplo, por formação de gelo sobre as asas — e na rota dessa aeronave havia essa formação, segundo pilotos ouvidos pelo g1 e pela Globonews.

Os especialistas avaliam que a formação de gelo sobre as asas pode ser uma das hipóteses. Apesar disso, todos são unânimes em afirmar que não existe um único fator que cause um acidente e que é prematuro tirar conclusões a partir dos vídeos ou das informações divulgadas.

 

Qual a aeronave que caiu?

 

Como era o avião que caiu em Vinhedo — Foto: Arte/g1

Como era o avião que caiu em Vinhedo — Foto: Arte/g1

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o modelo que caiu em Vinhedo, ATR-72-500 da VOEPASS, é turboélice com 74 assentos. A aeronave é fabricada pela ATR, com sede na França, que é uma das maiores fabricantes de aviação do mundo. Ela estava com a documentação em dia e todos os tripulantes tinham habilitação válida.

De acordo com a fabricante, o ATR-72-500 pode voar com velocidade máxima de 511 km/h. O modelo tem 27 metros de comprimento e de envergadura, além de uma autonomia de voo de 1.324 quilômetros. O peso máximo que o avião pode carregar em serviço é de 7 mil quilos.

O avião tinha 14 anos de fabricação e era de um modelo conhecido no mundo da aviação por sua capacidade de operar em aeroportos de pista curta e de difícil acesso no Brasil e em outras partes do mundo, especialmente na Ásia, onde houve outros acidentes.

Ficha técnica do ATR-72-500 (segundo a fabricante):

 

  • Número de assentos: 74
  • Velocidade de cruzeiro: 511 km/h
  • Comprimento: 27 metros
  • Envergadura: 27 metros
  • Altura: 7,65 metros
  • Autonomia de voo: 1.324 km

 

 

Como estava o tempo no momento da queda?

 

Meteorologistas apontaram "áreas de instabilidade" e 35% de formação de gelo nas proximidades do local onde o avião caiu.

De acordo com o Climatempo, no momento exato em que a aeronave estava fazendo a aproximação havia um "forte vento" de cauda - o que aumenta a velocidade do avião em relação ao solo.

"Estimativas de modelos meteorológicos indicam temperaturas entre -9° a -11° C na altura correspondente a 500hPa na região de Vinhedo por volta das 13h local", disse o órgão.

 

O que diz a VOEPASS?

 

O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite desta sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.

Mais cedo, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.

"A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação".

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Veja local da queda de avião em Vinhedo, interior de SP

 

Investigação

 

A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que oficiais do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) estão em posse das duas caixas-pretas do avião.

Militares do Seripa 4, órgão regional do Cenipa em São Paulo, chegaram em Vinhedo no final da tarde e, além de recuperar as caixas pretas, iniciaram os trabalhos de investigação do acidente.

Segundo a FAB, o modelo ATR-72 possui duas caixas-pretas: uma que era responsável por gravar o áudio da cabine dos pilotos e uma segunda gravava dados da aeronave. Elas serão levadas para Brasília.

Em nota, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) lamentou o acidente e disse que vai monitorar "a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa, bem como adotando as providências necessárias para averiguação da situação da aeronave e dos tripulantes".

"A Aaeronave operada pela Voepass acidentada em Vinhedo (SP) nesta sexta-feira, 9 de agosto, um ATR-72, foi fabricada em 2010 e se encontrava em condição regular para operar, com certificados de matrícula e de aeronavegabilidade válidos. O voo contava com quatro tripulantes a bordo no momento do acidente e todos estavam devidamente licenciados e com as habilitações válidas.

A Anac continua monitorando a prestação do atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa. Além disso, a Agência segue no acompanhamento dos desdobramentos das investigações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa)", disse a Anac.

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