Ilusión é uma palavra com carga positiva no espanhol. No futebol, é usada muitas vezes para falar do sonho dos torcedores com uma grande conquista. Esse termo de desejo e esperança é bem diferente no português. Quando mencionamos “ilusão”, é para falar de algo em que acreditávamos e não se concretizou, uma fantasia amarga. E é assim que a torcida do Cruzeiro se sentiu neste sábado (23/11), na final da Copa Sul-Americana. O castelo de cartas celeste desabou em frente às 40 mil pessoas que lotaram o Estádio General Pablo Rojas (Nueva Olla Azulgrana), em Assunção, no Paraguai. O Racing bateu a Raposa por 3 a 1 e conquistou o título inédito.Gastón Martirena e Adrián Martínez abriram o caminho para os argentinos, que tiveram um início avassalador no primeiro tempo. O Cruzeiro deixou a apatia de lado apenas na etapa final, quando esboçou brevemente uma reação e marcou com Kaio Jorge. Mas foi em vão. No suspiro final, Roger Martínez achou as redes para garantir a alegria do Racing.
Após 36 anos, a Academia voltou a ser campeã continental – novamente diante dos cruzeirenses, que foram as vítimas fatais da decisão de 1988 da extinta Supercopa Libertadores.
Para Gustavo Costas, ex-jogador e atual técnico do Racing, foi uma tarde de ilusión. Já para Fernando Diniz, ex-atleta e atual comandante do Cruzeiro, o ano de 2024 será marcado por uma grande ilusão.
Com a derrota na Nueva Olla, a Raposa perdeu a chance de quebrar um jejum de 25 anos sem conquistas internacionais. O Cruzeiro não ganha um título continental desde setembro de 1999, quando venceu o River Plate na final da Recopa Sul-Americana.
O clima em Assunção foi positivo. Apesar do amplo domínio do Racing nas arquibancadas da Nueva Olla, a torcida do Cruzeiro cantou alto e fez o setor sul do estádio tremer. Durante os 90 minutos, os cruzeirenses emplacaram músicas como “Uma Bela Cigana” e “Somos Loucos”.
Antes de a bola rolar, o cantor Maurinho Berrodagua representou os mineiros com um breve show. Já o ex-volante Ricardinho, ícone celeste nos anos 1990, foi o representante do clube na entrada da taça em campo.
Avassalador: assim pode ser definido o início de partida do Racing. Com menos de 20 minutos, os argentinos já haviam balançado as redes três vezes. Um gol foi anulado, mas dois valeram e escancararam o quão mal o Cruzeiro entrou em campo.
Tudo que o Racing tentou no início funcionou. Não fosse a intervenção do VAR, Gastón Martirena teria aberto o placar já aos 2′. O lateral-direito recebeu a bola na entrada da pequena área e chutou no canto do goleiro Cássio, que não conseguiu defender.
A jogada do segundo tento do Racing – o primeiro a valer – começou após saída errada do volante Walace, que perdeu a posse dentro do campo de defesa. Aos 14′, a estrela de Martirena apareceu outra vez. O ala recebeu passe no corredor e chutou de cobertura. A bola encobriu Cássio e entrou na parte lateral da rede: 1 a 0.
Uma desatenção da defesa com o principal goleador do Racing levou o Cruzeiro a sofrer mais um tento. Aos 19′, a dupla de atacantes argentinos entrou em ação: Maximiliano Salas cruzou na área, e o artilheiro Adrián Martínez empurrou a bola para fazer o 2 a 0.
Em meio a um início apático, o Cruzeiro precisou mexer cedo. Aos 28′, Walace foi substituído por Lucas Silva, um volante que deu novas características ao time. Nesse momento a Raposa conseguiu chegar ao ataque, só que não deu nenhum chute perigoso.
A primeira finalização a gol do Cruzeiro ocorreu aos 45′, com Lucas Villalba. Depois de um escanteio na área, a bola sobrou nos pés do zagueiro celeste, que chutou para a defesa do goleiro Gabriel Arias.
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