A semana política mineira foi marcada por intensas trocas de farpas entre o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o presidente Lula (PT). Ambos se encontraram em Betim e Ouro Branco para anunciar investimentos da Stellantis e da Gerdau. Nas duas ocasiões, Zema discursou primeiro, mandando indiretas ao presidente e ao Partido dos Trabalhadores, sendo prontamente respondido por Lula.
As falas de Zema marcam uma mudança de postura, coincidindo com a troca neste ano de marqueteiro — profissional responsável por construir e gerenciar a imagem de um político, criando estratégias de comunicação para engajar o público e fortalecer sua popularidade. O novo marqueteiro de Zema é Renato Pereira, que atuou nas campanhas de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro, e Aécio Neves, ex-governador de Minas Gerais, ex-senador e atualmente deputado federal. Pereira é o responsável por definir discursos, campanhas publicitárias e ações para influenciar a percepção do eleitorado.
A intensificação das críticas ao governo federal e a contratação de um marqueteiro experiente podem ser vistas como um movimento de Zema para pavimentar sua candidatura presidencial em 2026, ampliando sua base de apoio e se posicionando como uma liderança nacional da direita, especialmente em um momento de incertezas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), inelegível e réu no STF por tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista à CNN, Zema se esquivou sobre seu papel nas eleições de 2026, limitando-se a dizer que queria “contribuir” com o país e destacando que ingressou na política em 2018, motivado por “indignação” contra os governos do PT. “O que quero é contribuir, mostrar que tem um jeito diferente de fazer política, diferente dessa mesmice que tá no Brasil há décadas, que só pensa em voto, politicagem, distribuir cargos, privilégios e criar mais mordomias. Estou mostrando que é possível fazer diferente. Estou mostrando em Minas e quero mostrar que outros estados e o Brasil podem fazer diferente”, afirmou.
Renato Pereira tem em seu histórico um acordo de delação premiada que trouxe à tona irregularidades em campanhas eleitorais e contratos públicos no Rio de Janeiro. Sua colaboração revelou detalhes sobre fraudes em licitações e esquemas de corrupção envolvendo figuras políticas de destaque. Entre as revelações do marqueteiro estão:
Inicialmente, o ex-ministro do STF e atual ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, devolveu o acordo de delação à Procuradoria-Geral da República (PGR) para ajustes, apontando possíveis ilegalidades nas cláusulas estabelecidas. O acordo foi homologado em março de 2018, permitindo que as informações fornecidas por Pereira fossem utilizadas em investigações formais.
As cidades mineiras de Betim e Ouro Branco foram palco das recentes provocações entre o governador de Minas e o presidente da República. Em Betim, Zema alfinetou o ex-governador Fernando Pimentel, afirmando que assumiu o estado “quebrado” após a administração petista. Lula respondeu que o governador não se lembrava da última vez que o Brasil teve crescimento acima de 3%.
Já em Ouro Branco, Zema voltou a destacar as dificuldades deixadas por seu antecessor, enquanto o presidente afirmou que pode olhar “na cara” de Zema e afirmar ser ele quem mais investiu em Minas Gerais.
Dois dias depois, em suas redes sociais, Zema acusou o presidente de estar em “modo avião, desconectado da realidade”. No mesmo dia, em entrevista à CNN, o governador voltou a criticar o governo federal, acusando Lula de praticar “irresponsabilidade fiscal” e expressando preocupações sobre a suposta politização do sistema Judiciário.
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