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Espera para identificação traz angústia a parentes dos 41 mortos da BR-116

Complexidade dos exames devido ao estado de destruição dos corpos pelo fogo e pelo acidente traz ainda mais sofrimento a quem viajou para liberar os corpos

23/12/2024 às 05h31
Por: Carlos ball Fonte: em
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Espera para identificação traz angústia a parentes dos 41 mortos da BR-116

"Não dormimos nada. Viemos de quatro irmãos, para ajudar a reconhecer o meu irmão mais rápido, tirar DNA e dar um alívio para a família. Está todo mundo esperando para o velório na Bahia. Mas não chamaram ninguém para o reconhecimento desde que chegamos, 5h (de domingo)". A voz pesada da lavradora Lucinalva Ribeiro Dias, de 55 anos, traz as marcas da tristeza e do cansaço dos parentes dos 41 mortos no desastre entre um ônibus, uma carreta e um carro, na madrugada do dia (21/12), na BR-116, em Teófilo Otoni.

No fim da manhã de domingo, os parentes que vieram de São Paulo, da Bahia e do interior de Minas Gerais reclamavam de não terem podido ainda ser levados para reconhecer os corpos. Mas muitos só poderão ser identificados após coleta de material genético dos pais, irmãos e familiares para comparativo.

A chegada dos corpos ao Instituto Médico Legal (IML) de Belo Horizonte ocorreu em um caminhão frigorífico, por volta das 4h30. Uma estrutura de atendimento aos familiares está sendo preparada na Academia da Polícia Civil (Acadepol).

Do momento em que pegaram o carro para reunir a família e viajar para BH, Lucinalva e os três irmãos já estavam acordados há 20 horas, buscando notícias do encanador Tiburtino Ribeiro Dias, de 60 anos, que morava em São Paulo, mas que estava prestes a realizar o sonho de retornar para sua cidade natal, de Anagé, no sudoeste baiano.

 

 

"Meu irmão estava construindo a casinha dele lá em Anagé. Queria ir embora de São Paulo. A gente tem muitos parentes lá (em São Paulo) trabalhando. A casa dele já estava quase pronta para ele se mudar de volta. Desta vez ele foi passar o Natal com a família de mãe, por sorte deixou a esposa e as duas filhas: uma criança e outra adolescente. Se não a tragédia ia ser pior", imagina a lavradora, que vive em Mata Verde, no Vale do Rio Jequitinhonha.

  

"Já ficaram todos sabendo que ele faleceu. A família está muito triste, porque imaginavam que com ele voltando iam poder ficar mais com ele. A mulher e as filhas também, estão arrasadas mesmo. E a gente quer fazer a identificação, para poder ter o velório e aliviar um pouco essa angústia toda", desabafa Lucinalva.

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