Desde 22 de abril deste ano, os bebês que forem submetidos ao Teste do Pezinho em Minas Gerais receberão o resultado expandido que é capaz de detectar até 60 doenças. O estado é o primeiro do Brasil a ampliar a testagem que, até então, era detectava no máximo 23 doenças.
A novidade foi divulgada pelo Governo de Minas e pela Universidade Federal de Minas Gerais na última quinta-feira (30). As amostras de sangue coletadas nos pezinhos dos bebês nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) serão enviadas ao Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da faculdade de Medicina da UFMG, onde serão submetidas às testagens.
Mãe de Théo, de 9 anos, Larissa Carvalho, é jornalista e ativista que defende há oito anos a expansão da testagem de doenças no Teste do Pezinho. Ela viveu uma situação delicada porque o pequeno Theo nasceu com uma doença conhecida acidúria glutárica tipo 1. A condição poderia ter sido descoberta assim que o bebê nasceu caso o Teste do Pezinho fosse mais abrangente na época, no entanto, o feito quando Théo nasceu somente indicava 6 doenças.
A acidúria glutárica tipo 1 é uma doença metabólica na qual o organismo é deficiente de uma enzima que metaboliza proteínas. Caso alimentos ricos em aminoácidos, como leite, carne e ovo sejam ingeridos, podem causar sequelas irreversíveis para o desenvolvimento da criança. Esse foi o caso de Théo. “Eu entendi que eu tinha matado os neurônios dele, porque eu tava dando a comida que ele não podia comer. Eu só tava dando tudo errado a alimentação dele, porque o Teste do Pezinho não me alertou sobre doença”, conta Larissa Carvalho.
“Pensar que meu leite, a papinha com ovo, carne, feijão, tudo que fiz no maior carinho estava matando os neurônios do meu próprio filho, foi isso que vivi”, relembra.
Para Larissa, com a implementação do Teste do Pezinho expandido na saúde pública de Minas Gerais, a luta e as reivindicações com parlamentares valeram a pena. “Valeu cada minuto de dedicação à mudança do Teste do Pezinho. Entendi a missão. O Théo tinha que ser meu, exatamente como ele é para gente fazer essa mudança juntos. Mas ainda falta muito: é preciso que outros estados e municípios cumpram a lei federal”, comenta.
Agora, as amostras de sangue coletadas do calcanhar dos bebês nas Unidades Básicas de Saúde dos municípios mineiros serão enviadas para serem analisadas para o Nupad da UFMG. O professor do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina e diretor do instituto, José Nélio Januário, também celebrou o avanço na testagem.
“Essas são doenças de diagnóstico complexo, pois envolvem técnicas de genética. Apesar disso, o cronograma da ampliação foi rigidamente cumprido. Todos os insumos e equipamentos são importados. Ao mesmo tempo, constituímos uma rede assistencial. Hoje, podemos afirmar que toda criança diagnosticada no teste já tem garantido o tratamento”, pontuou.
Os resultados serão disponibilizados no site do Nupad e, caso o resultado apresente alteração, o município de residência do paciente é acionado.
Mín. 18° Máx. 29°