Com cerca de 600 mil pedidos de indenização de atingidos em discussão na Inglaterra, a Samarco promete atingir 100% da capacidade de operação em 2028. A mineradora é dona da barragem do Fundão, em Mariana, que matou 19 pessoas e despejou mais de 40 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério na Bacia do Rio Doce, em novembro de 2015, em Minas Gerais.
Nessa quinta-feira (23), diante de uma plateia formada por alguns dos maiores executivos de Minas Gerais, a mineradora mandou um recado direto ao mercado. A empresa informou que está de volta, e em uma escala de retomada acelerada de atividades. Os planos futuros da empresa foram detalhados no “Dia da Indústria”. O evento, organizado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), foi realizado no Minascentro, na região central de Belo Horizonte.
Com a presença do presidente da mineradora, Rodrigo Vilela, a Samarco exibiu uma espécie de ‘vídeo promocional’ para a plateia formada por empresários e integrantes do poder público. Na mesa principal do evento, representando o governador Romeu Zema (Novo), estava a Secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais, Marília Melo.
A empresa diz que irá investir R$ 13 bilhões para atingir a capacidade máxima de operação em três anos, e que já retomou 60% das atividades. A Samarco alega que não utiliza mais barragens de rejeitos de minério — estrutura do tipo que rompeu em Mariana e em Brumadinho, em Minas Gerais.
No entanto, a mudança da empresa não é uma opção, é uma determinação legal. O governo federal determinou a eliminação de todas as barragens do tipo “alteamento a montante”. Novas estruturas deste tipo também não podem ser construídas.
Apesar de estar anunciando planos para o futuro, a Samarco ainda responde pela tragédia em tribunais internacionais. A mineradora, controlada pelas gigantes Vale e BHP Billiton, foi acionada nos tribunais de Londres, na Inglaterra. Mais de 600 mil atingidos estão insatisfeitos com as indenizações oferecidas pela empresa no Brasil e buscam os direitos na capital inglesa — onde fica a sede da empresa Anglo-Australiana BHP, uma das maiores mineradoras do mundo e controladora da Samarco.
Entre as cidades, 31 buscam valores maiores para reparação da tragédia causada pela mineradora. Os advogados que representam os atingidos pleiteiam uma indenização que gira em torno de R$ 260 bilhões. No processo, o escritório cita perdas de propriedades e rendas, além de impactos causados às comunidades afetadas.
Em março, foi finalizado no Brasil o prazo de assinatura dos municípios ao novo acordo de reparação da Samarco, homologado no Superior Tribunal Federal (STF). A repactuação estabeleceu que serão destinados R$ 170 bilhões para ações de reparação. As cidades têm direito a apenas 4% deste valor. Os 26 municípios que aceitaram os termos propostos em solo brasileiro concordaram em abrir mão de entrar com outras ações contra as mineradoras. Com isso, caso a BHP seja condenada na Inglaterra, eles não terão direito às indenizações.
Questionada pela Itatiaia sobre a intenção por trás do vídeo, a Samarco disse à Itatiaia que a mensagem principal era informar ao mercado que a mineradora retomou as operações e pretende atingir 100% das atividades em três anos.
“A mensagem principal é que retomamos as nossas operações de forma gradual e segura, sem utilização de barragens de rejeitos e compartilhando valor com os territórios onde atuamos em Minas Gerais e no Espírito Santo. A nossa retomada tem sido guiada pela segurança, integridade, inovação e sustentabilidade. O acordo de reparação da bacia do rio Doce, homologado pelo STF em novembro de 2024, reforça nosso compromisso com uma reparação definitiva às pessoas, comunidades e ao meio ambiente. Reparar é o nosso compromisso principal”, disse a Samarco.
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