Em ação civil pública, enviada à 11ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, o governo estadual e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pedem para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltar atrás na determinação para que Cruzeiro x Palmeiras, no Mineirão, ocorra sem torcida. Caso contrário, a entidade desportiva seja multada em R$ 1 milhão.
Os órgãos se basearam na própria recomendação do MPMG para a partida ter somente torcida da Raposa, temendo o reencontro de integrantes das organizadas Máfia Azul e Mancha Alviverde, consideradas rivais. "Com isso, a CBF viola frontalmente o direito da população mineira ao ignorar as recomendações ministeriais e das forças de segurança do Estado", consta na ação, a qual O TEMPO Sports teve acesso.
Para o governo e para o MP, este evento ser com portões fechados "desrespeitou a recomendação ministerial, além de ter acarretado dano à sociedade mineira, bem como ao próprio equilíbrio da referida partida de futebol, na medida que impediu a operação de modo a cobrir e arcar com os custos envolvidas do toda a logística de um jogo pelo Campeonato Brasileiro".
Além disso, a ação, movida com pedido para apreciação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) com urgência, pede para que a torcida organizada do Palmeiras seja banida dos estádios mineiros por dois anos. Até a manhã desta terça-feira (3/12), o caso ainda não foi julgado.
O documento foi assinado por Sérgio Pessoa de Paula Castro, advogado-geral do Estado de Minas Gerais, e Fernando Ferreira Abreu, promotor de justiça. Para o governo, o mesmo está a defender direito da população mineira que se encontra afetada pela omissão parcial da CBF; enquanto o Ministério Público tenta garantir a defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais homogêneos dos consumidores.
Em despacho publicado no fim da manhã desta terça-feira (3/12), a juíza Cláudia Aparecida Coimbra Alves, da 11ª Vara Cível da Comarca de Belo Horizonte, afirmou não ser capaz de julgar a ação. Agora, ela está nas mãos da Vara da Fazenda Pública Estadual.
Na madrugada do dia 27 de outubro, dois ônibus com integrantes da Máfia Azul, que retornavam de Curitiba, sofreram uma emboscada na rodovia Fernão Dias, na altura de Mairiporã, interior de São Paulo. Membros da Mancha Alvi Verde atiraram diversos artefatos nos veículos, e um deles foi incendiado.
Obrigados a saírem, cruzeirenses foram espancados. Ao todo, 17 pessoas ficaram feridas e um homem de 30 anos, natural de Sete Lagoas-MG, morreu. Facções são conhecidas pela rivalidade e por atos de violência.
Devido a isso, o governo do Estado mineiro e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) recomendaram que o jogo entre Cruzeiro e Palmeiras, marcado para esta quarta-feira (4/12), às 21h30 (de Brasília), fosse com torcida única. Autoridades temem o reencontro de integrantes das facções.
O Palmeiras afirmou que não considerava a medida isonômica, visto que prejudicaria o time paulista, que briga pelo título do Campeonato Brasileiro. Porco afirmou que, caso MG não tivesse poder de fornecer segurança, que o evento ocorresse em outro Estado.
Tanto o Cruzeiro quanto o Palmeiras são contra a decisão de portões fechados. A agremiação mineira não concorda em ser punida mesmo sendo vítima da situação; enquanto a paulista critica o fato de as autoridades não garantirem a segurança das pessoas.
A entidade máxima do futebol brasileiro foi procurada para se manifestar sobre o assunto, o que ainda não ocorreu.
Cruzeiro x Palmeiras está marcado para esta quarta-feira (4/12), às 21h30 (de Brasília), no estádio Mineirão, em Belo Horizonte. O duelo é válido pela penúltima rodada do Brasileirão Série A.
Ainda não há venda de ingressos, mas, conforme o Estatuto do Torcedor, isso não é mais possível. Artigo 20: "É direito do torcedor partícipe que os ingressos para as partidas integrantes de competições profissionais sejam colocados à venda até setenta e duas horas antes do início da partida correspondente."
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