Foi aprovado, nesta sexta-feira (11), em primeiro turno na Câmara Municipal de Belo Horizonte, o projeto de lei que permite o uso de partes das ruas do bairro Gameleira, na região Oeste da capital, para a construção do novo Complexo de Saúde Hospital Padre Eustáquio, que vai absorver a atividade de quatro hospitais da rede estadual de saúde: Eduardo de Menezes, João Paulo II, Alberto Cavalcanti e Maternidade Odete Valadares.
A votação foi marcada por bate boca e forte obstrução da bancada de esquerda, que foi a única a votar contra o projeto, aprovado com 33 votos favoráveis e cinco contrários. Durante horas, os parlamentares do grupo levantaram questões de ordem e pediram a fala na tribuna para tentar atrasar a votação do texto.
A promessa do projeto é a criação de mais leitos. Mas os vereadores da esquerda, com apoio de movimentos sindicais de trabalhadores da saúde, foram contra a proposta, argumentando que vai significar o fechamento dos hospitais já estabelecidos.
Agora as emendas ao projeto vão para análise de comissões, e eventualmente, a proposta vai ser votada novamente em segundo turno.
O líder de governo na Câmara Municipal, vereador Bruno Miranda (PDT), defende a aprovação do projeto e a construção do novo centro hospitalar. “Esse projeto é importante porque regulariza a situação de um terreno da Prefeitura de Belo Horizonte que vai ser alienado ao Estado de Minas Gerais para possibilitar a construção de um complexo hospitalar”, pontua.
“A gente sabe, a população de Belo Horizonte percebe que a situação dos hospitais da Rede Fhemig há muito tempo precisam de uma reestruturação, do ponto de vista físico, de uma modernização das instalações e esse projeto vem nesse sentido de ofertar para Belo Horizonte mais de 500 leitos hospitalares”, destaca.
O vereador Bruno Pedralva (PT) afirma que o edital para a construção do novo hospital cometeu um erro “gravíssimo” e atribui a votação na Câmara a uma “pressão” do governo Zema contra os vereadores e a prefeitura.
“O Zema não pode fazer um edital dizendo que vai construir um hospital num terreno que não é dele. E por isso os aliados do Zema aqui na Câmara Municipal foram pressionados pelo governo estadual para acelerarem a tramitação a todo custo. E a gente viu o que vimos hoje, assim, uma série de desrespeito à cidade de Belo Horizonte, aos vereadores, um projeto desse não passando na Comissão de Saúde da Câmara Municipal. Que coisa mais absurda. É, porque eles estão correndo para tentar salvar esse edital”, destaca.
O vereador ainda diz que a bancada de esquerda vai trabalhar para que o projeto não avance na Casa da forma como está. “Nós queremos um novo hospital, mas nós não queremos menos hospitais em Belo Horizonte, nós não queremos fechamento de quatro e nem do Pronto Socorro do CGP. Quer fazer um hospital novo? Ótimo, parabéns. Faz o novo, mas mantém os velhos”, completa.
Neusa Freitas, diretora executiva do sindicato saúde de Minas Gerais, afirma que o projeto foi colocado em votação de forma “atropelada” e sem discussão. “Inclusive, até onde nós sabemos, ele não passou nem mesmo pela Comissão de Saúde. É um projeto de lei que envolve o fechamento de quatro hospitais do estado, com perfis totalmente diferentes. Então, quer dizer, está dizendo que vai juntar quatro hospitais em um único espaço, onde já tem inclusive dois hospitais fechados, que é o Galba Veloso e o Galba Ortopédico. Então, somando, são seis hospitais fechados para a construção de um projeto que ainda, segundo o governo, vai ser concluído em 2028, quer dizer, esse governo nem vai estar mais aqui. Foi colocado em pauta de uma forma atabalhoada”, defende.
Uma funcionária do Hospital Infantil João Paulo II, que preferiu não ser identificada, afirma que a preocupação é a falta de transparência do projeto. “A construção desse novo complexo, de juntar quatro hospitais totalmente diferentes, com públicos diferentes, sem um planejamento, sem uma discussão com os conselhos de saúde sem discussão com os trabalhadores que conhecem sobre os serviços que acontecem em cada um desses hospitais e a preocupação é se vai manter todos os serviços, se vai ter alguma perda”, declara.
Ela diz ainda que, por exemplo, fechar o Hospital Infantil João Paulo II e do pronto socorro e do pronto atendimento é uma preocupação. “É um serviço extremamente importante para a população de Minas Gerais. E atende Belo Horizonte, região metropolitana e o estado de Minas Gerais. O Hospital Infantil ele é referência, sente referência em doenças raras, então são poucos hospitais no Brasil que atendem esse público”, detalha.
Mín. 17° Máx. 24°